Quando falamos de Resident Evil, é impossível não pensar no icônico jogo de 1996 que redefiniu o gênero survival horror. No entanto, poucos sabem que antes desse clássico chegar às prateleiras, uma versão beta, conhecida internamente como Resident Evil 0.5, foi desenvolvida e quase se tornou o jogo que todos conhecemos hoje.
A Primeira Tentativa: Um Jogo Inspirado em Sweet Home
Tudo começou com uma ideia simples: criar um jogo de terror inspirado em Sweet Home, outro título da Capcom, que também envolvia um grupo de pessoas presas em uma mansão cheia de perigos sobrenaturais. O responsável por trazer essa ideia à vida foi Shinji Mikami, que assumiu a tarefa de dirigir o projeto e desenvolver o enredo.
Nesta versão inicial, a história era bem diferente do que vimos no jogo final. Ela seguia quatro personagens principais: Beam Mercurio, Jill (sem sobrenome), Gelzer e Dewey. Esses personagens eram sobreviventes de um acidente de avião que, após receberem aprimoramentos cibernéticos, se tornavam superagentes encarregados de capturar um cientista maligno. O enredo ainda incorporava elementos de ficção científica, com influências de Mega Man, distanciando-se bastante do foco de horror que a Capcom desejava.
A Intervenção que Mudou Tudo
Kenichi Iwao, que também estava envolvido no projeto, percebeu que a direção que Mikami estava tomando não estava alinhada com a visão de terror que a Capcom tinha em mente. Foi então que Iwao, junto com Yasuyuki Saga, decidiu reformular completamente o enredo. Os personagens foram renomeados e redesenhados: Beam Mercurio se transformou em Chris Redfield, Jill ganhou o sobrenome Valentine, Gelzer foi substituído por Barry Burton, e Dewey deu lugar a Joseph Frost. Além disso, o cientista maligno se tornou Albert Wesker, um nome que se tornaria sinônimo de vilania na franquia.
Da Ficção Científica ao Horror Biológico
Outra mudança crucial foi o foco dos inimigos. Ao invés de criaturas sobrenaturais, como fantasmas e demônios, a equipe decidiu que os adversários seriam mutantes criados por armas biológicas, introduzindo a Umbrella Corporation e seus experimentos macabros. Essa mudança trouxe um ar mais realista e perturbador ao jogo, alinhando-se perfeitamente com o gênero survival horror.
Foi também nessa fase que o sistema de arquivos (files) foi implementado, permitindo aos jogadores mergulharem mais profundamente na trama ao encontrar documentos e pistas espalhadas pela mansão. Isso se tornou uma marca registrada da franquia, enriquecendo a narrativa e oferecendo detalhes assustadores sobre o mundo de Resident Evil.
O Legado de Resident Evil 0.5
Embora a versão original de Resident Evil nunca tenha sido lançada, ela deixou um legado duradouro. Arte conceitual, esboços e outros materiais dessa versão beta foram redescobertos ao longo dos anos, alimentando a curiosidade dos fãs. Alguns até recriaram essa versão inicial em projetos independentes, como os vídeos do canal Kendozone no YouTube, que oferecem uma visão fascinante de como poderia ter sido o jogo se a ideia original de Mikami tivesse sido aprovada.
Resident Evil 0.5 é um capítulo intrigante na história de uma das franquias mais importantes dos videogames. As mudanças que ocorreram durante seu desenvolvimento foram cruciais para transformar o projeto em um marco do survival horror. Se você é fã da série, vale a pena explorar essa história não contada e imaginar como teria sido o jogo que pavimentou o caminho para o sucesso de Resident Evil. Afinal, até mesmo as ideias que foram deixadas de lado têm sua importância na criação de um clássico.